quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Colunista é demitida do Estadão por elogiar Bolsa-Família


ESTADÃO: DOIS PESOS... 

 Leia entrevista com a psicanalista Maria Rita Kehl ao Portal Terra. Ela era colunista do jornal "O Estado de S. Paulo" e foi demitida dia 06 de outubro, após publicar um artigo em que elogia o programa Bolsa Família e critica a tentativa de desvalorizar o voto dos cidadãos pobres e humildes nesta eleição. 

O Estadão se diz "há 433 dias sob censura" por ordem judicial referente a um processo sobre Sarney que corre em segredo de justiça. Sempre defendeu a sua liberdade empresarial, dizendo que ela era a liberdade de imprensa e de expressão de todos os brasileiros. Quem trabalha em suas Redações sabe muito bem como é a real "falta de liberdade" que ele pratica internamente com seus jornalistas. 

Por Bob Fernandes
A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos...", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.

Leia abaixo a entrevista. 

Terra Magazine - Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você...
Maria Rita Kehl -
E provocou, sim...


- Quais? 
- Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião. 

- Quando? 
- Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6). 

- E por qual motivo? 
- O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram. 

- Você chegou a argumentar algo? 
- Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável... 

- Que sentimento fica para você? 
- É tudo tão absurdo...a imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo.. 

- Você concorda com essa tese? 
- Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado... 

- Por outro lado...? 
- Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (Senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua? 

- Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?
- Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas.

Leia o artigo que motivou demissão de colunista

Leia a íntegra do artigo da psicanalista Maria Rita Kehl, que teria provocado sua demissão do jornal O Estado de S.Paulo em 06 de outubro.

"Dois pesos"
Maria Rita Kehl
02.outubro.2010


Este jornal teve uma atitude que considero digna: explicitou aos leitores que apoia o candidato Serra na presente eleição. Fica assim mais honesta a discussão que se faz em suas páginas. O debate eleitoral que nos conduzirá às urnas amanhã está acirrado. Eleitores se declaram exaustos e desiludidos com o vale-tudo que marcou a disputa pela Presidência da República. As campanhas, transformadas em espetáculo televisivo, não convencem mais ninguém. Apesar disso, alguma coisa importante está em jogo este ano. Parece até que temos luta de classes no Brasil: esta que muitos acreditam ter sido soterrada pelos últimos tijolos do Muro de Berlim. Na TV a briga é maquiada, mas na internet o jogo é duro.


Se o povão das chamadas classes D e E - os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil - tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.

Uma dessas correntes chegou à minha caixa postal vinda de diversos destinatários. Reproduzia a denúncia feita por "uma prima" do autor, residente em Fortaleza. A denunciante, indignada com a indolência dos trabalhadores não qualificados de sua cidade, queixava-se de que ninguém mais queria ocupar a vaga de porteiro do prédio onde mora. Os candidatos naturais ao emprego preferiam viver na moleza, com o dinheiro da Bolsa-Família. Ora, essa. A que ponto chegamos. Não se fazem mais pés de chinelo como antigamente. Onde foram parar os verdadeiros humildes de quem o patronato cordial tanto gostava, capazes de trabalhar bem mais que as oito horas regulamentares por uma miséria? Sim, porque é curioso que ninguém tenha questionado o valor do salário oferecido pelo condomínio da capital cearense. A troca do emprego pela Bolsa-Família só seria vantajosa para os supostos espertalhões, preguiçosos e aproveitadores se o salário oferecido fosse inconstitucional: mais baixo do que metade do mínimo. R$ 200 é o valor máximo a que chega a soma de todos os benefícios do governo para quem tem mais de três filhos, com a condição de mantê-los na escola.

Outra denúncia indignada que corre pela internet é a de que na cidade do interior do Piauí onde vivem os parentes da empregada de algum paulistano, todos os moradores vivem do dinheiro dos programas do governo. Se for verdade, é estarrecedor imaginar do que viviam antes disso. Passava-se fome, na certa, como no assustador Garapa, filme de José Padilha. Passava-se fome todos os dias. Continuam pobres as famílias abaixo da classe C que hoje recebem a bolsa, somada ao dinheirinho de alguma aposentadoria. Só que agora comem. Alguns já conseguem até produzir e vender para outros que também começaram a comprar o que comer. O economista Paul Singer informa que, nas cidades pequenas, essa pouca entrada de dinheiro tem um efeito surpreendente sobre a economia local. A Bolsa-Família, acreditem se quiserem, proporciona as condições de consumo capazes de gerar empregos. O voto da turma da "esmolinha" é político e revela consciência de classe recém-adquirida.

O Brasil mudou nesse ponto. Mas ao contrário do que pensam os indignados da internet, mudou para melhor. Se até pouco tempo alguns empregadores costumavam contratar, por menos de um salário mínimo, pessoas sem alternativa de trabalho e sem consciência de seus direitos, hoje não é tão fácil encontrar quem aceite trabalhar nessas condições. Vale mais tentar a vida a partir da Bolsa-Família, que apesar de modesta, reduziu de 12% para 4,8% a faixa de população em estado de pobreza extrema. Será que o leitor paulistano tem ideia de quanto é preciso ser pobre, para sair dessa faixa por uma diferença de R$ 200? Quando o Estado começa a garantir alguns direitos mínimos à população, esta se politiza e passa a exigir que eles sejam cumpridos. Um amigo chamou esse efeito de "acumulação primitiva de democracia".

Mas parece que o voto dessa gente ainda desperta o argumento de que os brasileiros, como na inesquecível observação de Pelé, não estão preparados para votar. Nem todos, é claro. Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos eleitores instruídos pensavam nos interesses do País. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano.

Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do País, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.

Uma visão sobre o Bolsa-Família

Artigo de Avani Souza:

Sem preferência pessoal ou política por um ou outro candidato, temos que convir sobre a excelência do governo Lula em relação ao governo FHC, pois os índices econômicos demonstram isso inequivocamente: a superioridade do desenvolvimento econômico; o aumento do número das escolas técnicas federais e dos campi universitários federais; abertura de 7.000 vagas nas universidades privadas por meio do Prouni; respeito internacional; consolidação de parcerias econômicas na África e na América Latina; superávit primário; aumento das exportações; aumento das reservas de 185 bilhões de dólares para 239 bilhões de dólares; aumento do salário mínimo em 3,5 vezes; abertura de novas vagas de trabalho - de 5 milhões vagas, em FHC, para 15 milhões de vagas, segundo o índice RAIS; 27 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza. Isso só para citar alguns poucos índices econômicos.
O mais importante programa social do governo Lula, o Bolsa-Família, beneficia mais de 11 milhões de famílias, tirando-as da miséria absoluta. Mas a oposição sempre tentou difamar esse programa social como esmola, espalhando isso pelo país. Algumas pessoas que nem conhecem direito o programa alimentam o preconceito contra Lula e acabam repetindo essa distorção, acrescentando ainda que o Bolsa-Família favorece o ócio; que muita gente não quer trabalhar mais para viver do Bolsa-Família; que o importante é emprego e não esmola; que o programa é eleitoreiro etc. E, por fim, concluem e alardeiam que muita gente que recebia o Bolsa-Família era vagabundo, que saía do emprego para viver do programa, sem trabalhar.
 Ora, o Bolsa-Família paga no máximo 200 reais por mês por família de até três filhos, desde que eles estejam na escola. Que pai de família quererá ficar desempregado para viver com 200 reais com sua família? Como dizer que o governo prefere dar esmolas a dar emprego? Que o programa está criando vagabundos? O Bolsa-Família é um programa de emergência para acabar com a fome, não substitui emprego. O valor máximo pago pelo Bolsa-Família não paga nem o transporte escolar dos filhos dessas mesmas pessoas que criticam o programa; não paga um fim-de-semana de lazer dessas pessoas. Como uma pessoa em sã consciência vai acreditar que com 200 reias por mês uma família pode pagar casa, comida, vestuário, calçados, remédios, gás, água, luz? É claro que a pessoa que pensa isso não é séria. É, isso sim, uma pessoa maldosa, de má-fé, invejosa, que tenta emporcalhar o governo Lula, tripudiando com a vida das famílias pobres deste país que em muitos casos só sobrevivem graças ao Bolsa-Família.
O fato é que esse benefício é um programa social muito bem sucedido no país, e o Brasil foi homenageado pela ONU com esse programa, como sendo o melhor do mundo. Muitos países copiaram e copiam essa medida como uma forma de tentativa da erradicação da miséria. Sabemos que a erradicação da miséria não se fará com um programa social como o Bolsa-Família, mas com um extenso programa de desenvolvimento sustentável combinado com distribuição de renda. Não podemos negar, todavia, que o Bolsa-Família é um programa de distribuição de renda. É necessário, e esperamos, que o governo Dilma o aprofunde e amplie, e que os estados e municípios participem do programa, e não façam como a Prefeitura de São Paulo que boicota o Bolsa-Família, não abre inscrições para o Programa e deixa à míngua centenas de famílias necessitadas.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Série "As diferenças entre gestão FHC e Lula" - II

Capítulo 2: Geração de empregos

Veja na tabela abaixo os números da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, o índice do mercado de trabalho formal. Os dados são divulgados anualmente, representam cerca de 97% do mercado de trabalho formal brasileiro e são aproximadamente 6,9 milhões de empresas declarantes.


Leia mais em Carta Maior.

Série "As diferenças entre gestão FHC e Lula"

Capítulo 1: A economia

Veja trecho de entrevista do ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB) ao programa Jogo de Poder, da CNT. Ele aponta as diferenças na economia entre a gestão de Fernando Henrique Cardoso e Lula. Ciro foi ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco e ajudou a implementar o Plano Real. Depois, rompeu com FHC e Serra. Entenda o porquê.





* vídeo postado em Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim.

Reitores das universidades federais lançam manifesto de aprovação ao governo Lula

"Educação - Brasil está no Rumo Certo"
Manifesto de Reitores das Universidades Federais à Nação Brasileira

Da pré-escola ao pós-doutoramento – ciclo completo educacional e acadêmico de formação das pessoas na busca pelo crescimento pessoal e profissional – consideramos que o Brasil encontrou o rumo nos últimos anos, graças a políticas, aumento orçamentário, ações e programas implementados pelo Governo Lula com a participação decisiva e direta de seus ministros, os quais reconhecemos, destacando o nome do Ministro Fernando Haddad.

Aliás, de forma mais ampla, assistimos a um crescimento muito significativo do País em vários domínios: ocorreu a redução marcante da miséria e da pobreza; promoveu-se a inclusão social de milhões de brasileiros, com a geração de empregos e renda; cresceu a autoestima da população, a confiança e a credibilidade internacional, num claro reconhecimento de que este é um País sério, solidário, de paz e de povo trabalhador. Caminhamos a passos largos para alcançar patamares mais elevados no cenário global, como uma Nação livre e soberana que não se submete aos ditames e aos interesses de países ou organizações estrangeiras.

Este período do Governo Lula ficará registrado na história como aquele em que mais se investiu em educação pública: foram criadas e consolidadas 14 novas universidades federais; institui-se a Universidade Aberta do Brasil; foram construídos mais de 100 campi universitários pelo interior do País; e ocorreu a criação e a ampliação, sem precedentes históricos, de Escolas Técnicas e Institutos Federais. Através do PROUNI, possibilitou-se o acesso ao ensino superior a mais de 700.000 jovens. Com a implantação do REUNI, estamos recuperando nossas Universidades Federais, de norte a sul e de leste a oeste. 

No geral, estamos dobrando de tamanho nossas Instituições e criando milhares de novos cursos, com investimentos crescentes em infraestrutura e contratação, por concurso público, de profissionais qualificados. Essas políticas devem continuar para consolidar os programas atuais e, inclusive, serem ampliadas no plano Federal, exigindo-se que os Estados e Municípios também cumpram com as suas responsabilidades sociais e constitucionais, colocando a educação como uma prioridade central de seus governos.

Por tudo isso e na dimensão de nossas responsabilidades enquanto educadores, dirigentes universitários e cidadãos que desejam ver o País continuar avançando sem retrocessos, dirigimo-nos à sociedade brasileira para afirmar, com convicção, que estamos no rumo certo e que devemos continuar lutando e exigindo dos próximos governantes a continuidade das políticas e investimentos na educação em todos os níveis, assim como na ciência, na tecnologia e na inovação, de que o Brasil tanto precisa para se inserir, de uma forma ainda mais decisiva, neste mundo contemporâneo em constantes transformações.

Finalizamos este manifesto prestando o nosso reconhecimento e a nossa gratidão ao Presidente Lula por tudo que fez pelo País, em especial, no que se refere às políticas para educação, ciência e tecnologia. Ele também foi incansável em afirmar, sempre, que recurso aplicado em educação não é gasto, mas sim investimento no futuro do País. Foi exemplo, ainda, ao receber em reunião anual, durante os seus 8 anos de mandato, os Reitores das Universidades Federais para debater políticas e ações para o setor, encaminhando soluções concretas, inclusive, relativas à Autonomia Universitária.

Alan Barbiero – Universidade Federal do Tocantins (UFT)
José Weber Freire Macedo – Univ. Fed. do Vale do São Francisco (UNIVASF)
Aloisio Teixeira – Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Josivan Barbosa Menezes – Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA)
Amaro Henrique Pessoa Lins – Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Malvina Tânia Tuttman – Univ. Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Ana Dayse Rezende Dórea – Universidade Federal de Alagoas (UFAL)
Maria Beatriz Luce – Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
Antonio César Gonçalves Borges – Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Maria Lúcia Cavalli Neder – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Carlos Alexandre Netto – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Miguel Badenes P. Filho – Centro Fed. de Ed. Tec. (CEFET RJ)
Carlos Eduardo Cantarelli – Univ. Tec. Federal do Paraná (UTFPR)
Miriam da Costa Oliveira – Univ.. Fed. de Ciênc. da Saúde de POA (UFCSPA)
Célia Maria da Silva Oliveira – Univ. Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Natalino Salgado Filho – Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Damião Duque de Farias – Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Paulo Gabriel S. Nacif – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Felipe .Martins Müller – Universidade Federal da Santa Maria (UFSM).
Pedro Angelo A. Abreu – Univ. Fed. do Vale do Jequetinhonha e Mucuri (UFVJM)
Hélgio Trindade – Univ. Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Ricardo Motta Miranda – Univ. Fed. Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Hélio Waldman – Universidade Federal do ABC (UFABC)
Roberto de Souza Salles – Universidade Federal Fluminense (UFF)
Henrique Duque Chaves Filho – Univ. Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Romulo Soares Polari – Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Jesualdo Pereira Farias – Universidade Federal do Ceará – UFC
Sueo Numazawa – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
João Carlos Brahm Cousin – Universidade Federal do Rio Grande – (FURG)
Targino de Araújo Filho – Univ. Federal de São Carlos (UFSCar)
José Carlos Tavares Carvalho – Universidade Federal do Amapá (UNIFAP)
Thompson F. Mariz – Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
José Geraldo de Sousa Júnior – Universidade Federal de Brasília (UNB)
Valmar C. de Andrade – Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
José Seixas Lourenço – Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA)
Virmondes Rodrigues Júnior – Univ. Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
Walter Manna Albertoni – Universidade Federal de São Paulo ( UNIFESP)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Mentiras e verdades

“A Dilma é um fantoche de Lula.”
Mentira.  A escolha da candidata não foi mera “invenção da cabeça” de Lula. Além de ter participado ativamente do governo desde 2002, a candidatura de Dilma foi apoiada pelos diretórios do PT e no 4º Congresso do partido.

“Dilma apareceu agora, não tem história nem experiência.”
Mentira.   Embora Dilma nunca tenha disputado uma eleição antes, ela tem uma longa história na vida pública. Combateu a ditadura militar, atuou como secretária municipal da Fazenda de Porto Alegre e secretária de Minas e Energia do Rio Grande do Sul. Foi responsável por aumentar em 46% a capacidade do sistema energético gaúcho e evitar o racionamento de energia entre 2001 e 2002, sob FHC. No governo Lula, foi ministra de Minas e Energia e ministra-chefe da Casa Civil. Ela coordenou programas como “Luz para Todos”, “Minha Casa, Minha Vida”, “Pré-Sal” e “Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)”.

“A alternância de poder é saudável para a democracia”
Verdade. Mas alternar o poder, em si, não diz tudo. É bom lembrar que, na democracia, o poder deve refletir a vontade popular. Se o povo vota conscientemente no mesmo partido em diversas eleições, isso, a priori, não constitui um problema. Se fosse, não haveria reeleição e, a rigor, nem precisaríamos de eleições: bastaria trocar automaticamente o comando  do governo a cada 4 anos. Cabe aos outros partidos construírem um bom projeto para disputar as eleições. Ao olhar o passado, vemos que sempre houve na Presidência uma hegemonia de partidos com valores semelhantes. Dos seis presidentes eleitos após 21 anos de ditadura militar, por exemplo, cinco deles pertenciam à chamada ala direita ou centro-direita.

“Dilma está ligada à Erenice Guerra, funcionária corrupta, e à quebra de sigilo fiscal de adversários políticos.”
Mentira. Apesar do alarde da imprensa, até agora os resultados das investigações não provaram o vínculo de Dilma Rousseff com o suposto esquema de tráfico de influência na Casa Civil, nem muito menos a ligação institucional do PT com a quebra de sigilo fiscal de adversários. Dilma não pode ser responsabilizada por erros cometidos pelo filho de uma ex-assessora nem por supostos erros cometidos por alguns dos mais de 1 milhão de filiados do PT.

“O PT é corrupto. Dilma está no PT. Logo, Dilma é corrupta.”
Mentira.  A generalização é caluniosa. Pode haver algumas pessoas filiadas ao partido que praticaram corrupção, e elas devem ser punidas e expulsas da legenda. Mas dizer que o PT, enquanto instituição, é corrupto, é uma calúnia.  Ademais, situações de corrupção não são exclusivas do PT. Muitas delas, inclusive, foram divulgadas pela imprensa sem provas. Ainda assim, é preciso, com urgência, melhorar os mecanismos de fiscalização dos candidatos da legenda.

Por que votar na Dilma?

As principais vitórias do governo Lula que podem ser aperfeiçoadas

Pobreza: Desde 2003, mais de 24 milhões de brasileiros saíram da pobreza absoluta. Ao mesmo tempo, a classe média aumentou: 31 milhões de pessoas ingressaram na classe C, o que significa mais dinheiro nas mãos do povo. O poder de compra da cesta básica duplicou.

Trabalho: Foram criados 13 milhões de novos postos de trabalho, todos com carteira assinada – contra 5 milhões nos oito anos de governo de Fernando Henrique Cardoso. Também foi sancionada a Lei do Estágio, que garante férias para estagiários e impede que eles sejam usados como mão de obra barata.

Economia: O Brasil não é mais devedor do FMI. Em 2002, a inflação era de 12,5% ao ano, e taxa básica de juros, de 25%. Hoje a inflação é um problema do passado. O juro chegou a cair, pela primeira vez na história, a um dígito. Desde 2003, o PIB mais que dobrou em relação ao governo FHC: cresce em média 4,2%. Os bancos nacionais foram fortalecidos e evitaram que a crise afetasse o Brasil - garantiram crédito no mercado. Em São Paulo, o governo do PSDB vendeu Banespa, Nossa Caixa e Telesp. O governo FHC privatizou a Vale do Rio Doce e a Telebrás, entre outros. Se Lula tivesse continuado esse processo, nada teria segurado a crise, como aconteceu nos EUA e Europa.

Energia: O Programa Luz para Todos já beneficiou quase 12 milhões de pessoas que vivem nas zonas rurais do País. Aos poucos elas poderão ter água quente, geladeira, TV e até internet. A Petrobrás é hoje a 4ª maior empresa do mundo em valor de mercado, à frente inclusive da Microsoft. A descoberta de óleo e gás natural na camada pré-sal do oceano, se for bem conduzida, respeitando o meio ambiente e a população local, pode levar o Brasil a ser um dos maiores produtores de petróleo do mundo. O país também investiu em energia limpa: 47% da energia consumida no Brasil vem de fontes não poluentes. A média dos países mais ricos é de 6,7%.

Mulheres: Lula instituiu em 2006 a Lei Maria da Penha, que pune de maneira mais severa os homens que maltratam mulheres. Agora eles não podem mais pagar seus erros com cestas básicas. Criou o Disque 180, que recebe denúncias e orienta mulheres em situação de violência. Já foram registrados 1 milhão de atendimentos.

Agricultura: A agricultura familiar é responsável por quase 40% de tudo o que se produz no campo. De 2003 a 2010, os recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) aumentaram quase sete vezes.

Esportes: Graças ao desenvolvimento do País, não apenas econômico, mas de importância política no cenário internacional, o Brasil foi eleito para ser, pela primeira vez, sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. Isso aumentará os investimentos no País e impulsionará o turismo.

Projeção internacional: O Brasil hoje é respeitado, procurado e ouvido por líderes de diversos países em todos os continentes. Inclusive conseguiu que o Irã assinasse o acordo tão esperado sobre o uso do urânio, fato que  despertou inveja nas potências mundiais.

Participação popular: Foram realizadas 72 conferências em todo o País, em diversas áreas, desde Deficiência Física até Segurança Pública. Empresas, ONGs, estudantes, profissionais e movimentos sociais puderam opinar. A partir do resultado dessas discussões, o governo traçou seus programas de governo. Por exemplo: na segurança pública, por exemplo, viu-se a necessidade de criar um piso salarial para os policiais, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso.

Apresentação


Na escolha de um candidato à Presidência da República, não se deve votar em uma pessoa, mas em um projeto. O governo não é administrado apenas pelo presidente, mas por ele e toda sua equipe: 24 ministérios, 8 secretarias e mais 5 órgãos. Por isso, o voto não pode ser personalista, baseado na simpatia ou beleza do candidato, mas em suas propostas e no que elas representam. 

O projeto de Dilma Rousseff é organicamente ligado ao de seu antecessor Lula, por motivos óbvios: ela foi o braço direito dele. Isso significa que esteve ligada às grandes decisões do governo. Portanto, votar em Dilma representa votar no aperfeiçoamento das vitórias conquistadas no governo Lula. Por isso nós votamos nela. 

E as falhas? É verdade, nenhum governo é perfeito e 100% coerente. Nem do ponto de vista do programa (das propostas apresentadas e implementadas), nem de possíveis situações de corrupção. Ele é construído por seres humanos, portanto, é cheio de contradições e não pode estar acima do bem e do mal. Por isso cabe à sociedade não apenas votar, mas acompanhar, fiscalizar e pressionar o governo para que seja honesto e atenda suas demandas. 

Como fazer isso? Por meio da mobilização social (passeatas, plebiscitos, abaixo-assinados, artigos, blogs) e da pressão direta sobre os deputados e senadores nos quais você votou. Afinal, eles é que irão aprovar muitas das propostas encaminhadas pelo presidente e sua equipe. Esta postura cidadã vale também para governos estaduais e municipais.

Neste blog você encontrará as principais vitórias governo Lula, divididas por áreas de atuação. Mas também verá as falhas e os principais argumentos daqueles que não querem votar na Dilma.

Boa leitura! Participe. Os comentários não serão censurados.