quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Colunista é demitida do Estadão por elogiar Bolsa-Família


ESTADÃO: DOIS PESOS... 

 Leia entrevista com a psicanalista Maria Rita Kehl ao Portal Terra. Ela era colunista do jornal "O Estado de S. Paulo" e foi demitida dia 06 de outubro, após publicar um artigo em que elogia o programa Bolsa Família e critica a tentativa de desvalorizar o voto dos cidadãos pobres e humildes nesta eleição. 

O Estadão se diz "há 433 dias sob censura" por ordem judicial referente a um processo sobre Sarney que corre em segredo de justiça. Sempre defendeu a sua liberdade empresarial, dizendo que ela era a liberdade de imprensa e de expressão de todos os brasileiros. Quem trabalha em suas Redações sabe muito bem como é a real "falta de liberdade" que ele pratica internamente com seus jornalistas. 

Por Bob Fernandes
A psicanalista Maria Rita Kehl foi demitida pelo Jornal O Estado de S. Paulo depois de ter escrito, no último sábado (2), artigo sobre a "desqualificação" dos votos dos pobres. O texto, intitulado "Dois pesos...", gerou grande repercussão na internet e mídias sociais nos últimos dias.

Leia abaixo a entrevista. 

Terra Magazine - Maria Rita, você escreveu um artigo no jornal O Estado de S.Paulo que levou a uma grande polêmica, em especial na internet, nas mídias sociais nos últimos dias. Em resumo, sobre a desqualificação dos votos dos pobres. Ao que se diz, o artigo teria provocado conseqüências para você...
Maria Rita Kehl -
E provocou, sim...


- Quais? 
- Fui demitida pelo jornal O Estado de S.Paulo pelo que consideraram um "delito" de opinião. 

- Quando? 
- Fui comunicada ontem (quarta-feira, 6). 

- E por qual motivo? 
- O argumento é que eles estavam examinando o comportamento, as reações ao que escrevi e escrevia, e que, por causa da repercussão (na internet), a situação se tornou intolerável, insustentável, não me lembro bem que expressão usaram. 

- Você chegou a argumentar algo? 
- Eu disse que a repercussão mostrava, revelava que, se tinha quem não gostasse do que escrevo, tinha também quem goste. Se tem leitores que são desfavoráveis, tem leitores que são a favor, o que é bom, saudável... 

- Que sentimento fica para você? 
- É tudo tão absurdo...a imprensa que reclama, que alega ter o governo intenções de censura, de autoritarismo.. 

- Você concorda com essa tese? 
- Não, acho que o presidente Lula e seus ministros cometem um erro estratégico quando criticam, quando se queixam da imprensa, da mídia, um erro porque isso, nesse ambiente eleitoral pode soar autoritário, mas eu não conheço nenhuma medida, nenhuma ação concreta, nunca ouvi falar de nenhuma ação concreta para cercear a imprensa. Não me refiro a debates, frases soltas, falo em ação concreta, concretizada. Não conheço nenhuma, e, por outro lado... 

- Por outro lado...? 
- Por outro lado a imprensa que tem seus interesses econômicos, partidários, demite alguém, demite a mim, pelo que considera um "delito" de opinião. Acho absurdo, não concordo, que o dono do Maranhão (Senador José Sarney) consiga impor a medida que impôs ao jornal Estado de S.Paulo, mas como pode esse mesmo jornal demitir alguém apenas porque expôs uma opinião? Como é que um jornal que está, que anuncia estar sob censura, pode demitir alguém só porque a opinião da pessoa é diferente da sua? 

- Você imagina que isso tenha algo a ver com as eleições?
- Acho que sim. Isso se agravou com a eleição, pois, pelo que eles me alegaram agora, já havia descontentamento com minhas análises, minhas opiniões políticas.

Um comentário:

  1. Essa imprensa tradicionalmente golpista sempre se utilizou do monopólio da informação para chantagear, construir e destruir reputações, com a única finalidade de ganhar dinheiro nesta sociedade injusta que ajudou a construir e deseja perpetuar. Quer impor aos brasileiros a sua opinião de grupo político e econômico particular como sendo a correta “opinião pública”. Eles não aceitam que a opinião pública brasileira e mundial é quase totalmente a favor do que tem feito o Governo Lula. E graças à internet e aos blogs bem intencionados como este, podemos ter mais acesso às várias opiniões e informações sobre as notícias e acontecimentos, pra não sermos conduzidos por falsidades, mentiras, ilusões.

    Vejam só como o Estadão se sai com essa que sai:



    http://sul21.com.br/jornal/2010/10/estadao-desmente-demissao-de-colunista-maria-rita-kehl-que-saiu/

    07/10/10 | 16:36
    Estadão desmente demissão da colunista Maria Rita Kehl, que saiu…
    Jorge Seadi e Milton Ribeiro
    O diretor de conteúdo do jornal O Estado de São Paulo, Ricardo Gandour, disse hoje que não houve demissão da colunista Maria Rita Kehl, e sim “o fim de um ciclo, colunistas se revezam”.
    A psicanalista Maria Rita Kehl escreveu, no Estadão do último sábado, artigo em que tratava da “desqualificação do votos dos pobres”.
    Ricardo Gandour explicou que o caderno C2 + Música, publicado aos sábados, tinha um espaço destinado a psicanálise. Seria “um divã para os leitores”. E completou: “Mas não era isto que Maria Rita vinha fazendo em sua coluna. E frequentemente falávamos sobre isto. E assim começou uma discussão sobre novos rumos para a coluna. Inclusive do ponto de vista da colunista… Mas vazou na internet que estavamos conversando. O vazamento precipitou tudo”.
    A curiosa explicação circulou na internet sob a interpretação de que houvera censura e punição. A filha de Maria Rita, Ana Kehl de Moraes, acusou o Estadão em seu Facebook. A autora, indo ao encontro da versão da internet, deu entrevistas para sites perguntando “Como é que um jornal que se reclama de estar sob censura pode demitir alguém que tem postura diferente da sua?”. Porém Ricardo desmente que tenha havido censura. “Tanto não houve que a coluna foi publicada integralmente”.
    A coluna de sábado não teria sido a causa da demissão, mas Ricardo reconhece que o a posição explicitada por Maria Rita “era forte dentro de uma questão que não era o foco da coluna”.
    Seguindo na tese da não demissão e insistindo “no fim de um ciclo”, Ricardo ressaltou que não houve censura , que não houve demissão, mas que houve a saída. “ O jornal tem 91 colunistas e este ano já saíram três e entraram outros três”.
    Com informações do Terra

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